Multinacional lucra com subsídios e isenções do governo, e superexploração dos operários
Por Altemir Cozer
No último dia 9 de junho foi realizada a cerimônia oficial que anunciou a ampliação da planta da montadora norte-americana em Gravataí (RS). Estiveram presentes os diretores da empresa e políticos de todas as matizes, desde a governadora Yeda do PSDB à prefeita da cidade, Rita Sanco (PT).
A população foi “informada” pela imprensa, no dia 10, sobre os supostos grandes benefícios que esta ampliação trará para a cidade e o estado. Entre os benefícios, destacaram a geração de empregos. Esqueceram de dizer, porém, que os empregos gerados são muito poucos se fizermos um paralelo com o montante de dinheiro dados pelos cofres públicos e a quantidade de produção que querem realizar. O pequeno número de empregos se deve à automação da planta, que vai duplicar o número de robôs, com setores que chegarão há 90% de automação.
Se o mesmo dinheiro doado para a megamultinacional fosse investido em pequenas e médias empresas, ou então em planos de obras públicas, geraria muito mais empregos e traria benefícios diretos à população da cidade e do estado, em vez de produzir carros que muitos trabalhadores sequer conseguem comprar.
Durante os 10 anos (comemorados no dia da ampliação) que a GM está funcionando no Rio Grande do Sul, ela nunca pagou um centavo de imposto. Enquanto os trabalhadores pagam muitos impostos diretamente nos preços das mercadorias, serviços e na folha de pagamento, os grandes empresários continuarão sem pagar impostos por mais alguns anos.
Segundo uma reportagem local, se a GM pagasse imposto, só de ICMS o município arrecadaria R$ 40 milhões por ano. Se multiplicarmos estes valores atuais pela quantidade de anos que eles não pagam nada, chegaríamos ao montante de R$ 400 milhões que, além de não entrar nos cofres públicos, foram queimados na especulação financeira e na má administração mundial da empresa.
Trabalhadores são vítimas
Nos 10 anos em que a empresa está operando em Gravataí, ela seqüelou e vitimou milhares de trabalhadores. Em função do ritmo de trabalho exigido (produção de quase um carro por minuto), milhares de pais de família hoje não podem mais trabalhar e sequer ter uma vida normal. Pior de tudo é que a grande maioria destes trabalhadores acidentados ou vítimas de doenças ocupacionais não é reconhecida pela GM e briga na Justiça para ter seus direitos reconhecidos. Isso sem falar do INSS que dá alta para os funcionários mesmo doentes e ficam à mercê da postura desumana da montadora.
Ampliação faz parte do plano de recuperação
Da noite para o dia, a maior empresa do mundo ruiu e precisou ser socorrida pelo governo norte-americano com bilhões de dólares e a compra da banda podre da empresa pelo governo Obama (EUA). Junto com a ajuda bilionária, os planos da empresa e parceria com Obama levaram ao fechamento de dezenas de unidades da montadora nos EUA, a demissão de milhares de trabalhadores, além da redução drástica dos direitos dos que ficaram trabalhado.
Para completar o pacote, a empresa vai ampliar sua produção em regiões onde é possível produzir pagando salários miseráveis e usando recursos públicos através da isenção de impostos, empréstimos e doações.
O investimento de R$ 12 milhões nas plantas da GM no Brasil, boa parte destes recursos vem dos próprios governos e bancos públicos, são parte fundamental do plano da montadora para reverter sua crise e voltar a disputar o mercado para ser novamente a maior do mundo. E é evidente que o custo desta conta será pago pelos trabalhadores, que deverão trabalhar mais ganhando menos, e a população, que deixará de receber em serviços públicos o que a montadora vai receber de ajuda.
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