quinta-feira, 22 de julho de 2010

O socialismo visto dentro de uma perspectiva histórica


Uma condição primordial para a vida em sociedade é a produção de gêneros que nos permitam sobreviver. Precisamos nos alimentar, vestir, morar, locomover, enfim precisamos de produtos que atendam nossas necessidades desde as mais básicas até as mais complexas. Pois bem, as sociedades resolveram isso, historicamente, com algo que denominamos sistema econômico ou modo de produção, ou seja, a forma como nós produzimos os artigos de nossas necessidades, enfim aquilo que resulta do trabalho humano.

E já tivemos distintas formas de produção e de distribuição destes gêneros ou artigos, vejamos sociedade tribal, sociedade escravagista, sociedade feudal, sociedade capitalista e sociedade socialista.

As primeiras formas de organização social denominaram-se tribos, a produção e a distribuição dos gêneros, nesta incipiente sociedade, era feita com base na necessidade de cada indivíduo, assim o fruto do trabalho era igualmente repartido, não havia alguém que acumulava ninguém ficava com uma parte maior de carne, por exemplo.

Surge a agricultura, descoberta de aproximadamente de 12 mil anos, com isso as sociedades fixam-se a um lugar específico, abandonam o nomadismo, processo que faz surgir a necessidade de produzir uma quantidade de gêneros bem maior, com isso vem as grandes obras e também surge algo novo, acima da organização das pessoas, o estado, que vai controlar a produção e distribuição dos gêneros. Esta fase histórica é caracterizada por escravismo, ou seja, a produção dos gêneros tem por base o trabalho escravo e a produção fica com o dono do escravo. Aqui já temos alguém que acumula, ou seja, tem a mais do que precisa, o escravocrata.

Na sociedade feudal, a produção dos gêneros, ou seja, o fruto do trabalho humano é feito em grandes fazendas auto-suficientes, os feudos, no entanto esta produção era toda controlada e acumulada pelo dono da terra, o senhor feudal, já o servo, o trabalhador, ficava com uma pequena parte para poder sobreviver e continuar trabalhando. O senhor feudal fica com a maior parte da produção só porque ele é o dono da terra, enquanto um grande contingente populacional passa fome e dificuldades.

Ainda dentro da sociedade feudal, começa a surgir o germe de outra forma de produção, outra forma de produzir os gêneros e distribuí-los, aos poucos outro sistema econômico instala-se e começa ganhar seguidores, é o capitalismo.

O capitalismo, um sistema econômico que tem um impulso na primeira metade do século XIX, definitivamente assume a principal forma social de produzir gêneros para a necessidade das sociedades. No entanto a perversidade deste sistema, que tem por base acumulação do dono da fábrica, produz muitas contradições, a começar pela divisão da sociedade em classes sociais, divisão essa que coloca em lados opostos trabalhadores e os donos das fábricas. As primeiras fábricas tinham jornadas de trabalho de 16, 18 horas diárias, com castigos físicos para quem não fosse ao trabalho, sem contar no uso de crianças na produção. Bem, do início do capitalismo até os dias atuais o que vemos é uma luta para tentar diminuir esta exploração por parte dos donos das fábricas, luta que vitimou muito trabalhador. Se hoje temos algum direito isso é fruto da luta destas pessoas, a luta de classe, que está na ordem do dia, que se mantém viva. Portanto, a acumulação atualmente é feita pelo dono da fábrica, ou seja, a riqueza quem produz é o trabalhador, não é o dono da fábrica, mas é ele quem fica com ela, estranho não!?

O socialismo, dentro desta perspectiva, é a construção de uma nova forma de produzir e distribuir os gêneros, já tivemos uma experiência deste sistema econômico, mas não é disso que quero tratar e sim da necessidade de socialmente construirmos esta alternativa de como produzir o que a vida nos exige. A base deste modo de produção é que não exista a figura daquele que irá acumular, não haverá acumulação, a distribuição será feita conforme a necessidade das pessoas. Outro aspecto importante a ressaltar e obviamente este assunto não se esgota aqui, voltaremos como diz o cozinheiro, é o fato de podermos diminuir a jornada de trabalho, podendo dedicar mais tempo para a família e para podermos desenvolver nossas potencialidades.

Bem inicialmente acho que esta comparação histórica, entre os modelos econômicos, se fazia necessária, pois a defesa do socialismo faz parte de minha vida e este será um tema recorrente neste espaço de discussão.

Ou nós destruímos o capitalismo ou nós vamos à barbárie, e podemos viver momentos em que o nazismo poderá ser superado.

E como dizia Trotski: “Todas as revoluções são impossíveis até que se tornem inevitáveis.”

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