Editorial do Opinião Socialista nº 426
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• Por que os trabalhadores não podem ter bons salários? A situação da economia não permite? Como é impossível se os lucros dos patrões são gigantescos? Os salários dos trabalhadores de uma multinacional como a GM correspondem a 8% de seu faturamento. Os salários dos operários da construção civil representam apenas 5% do faturamento das empresas. É assim que elas quadruplicaram seus lucros no primeiro mandato de Lula: com a superexploração brutal dos trabalhadores.
As empresas não podem sequer alegar que estão em crise (o que já seria completamente errado). A economia está crescendo, como todos podem ver. Mas os frutos do crescimento vão enriquecer ainda mais os que já são muito ricos.
O verdadeiro motivo é um só: vivemos em uma economia capitalista, na qual mandam os bancos e as multinacionais, que só se interessam em seus lucros. O governo Dilma defende essas grandes empresas, que financiaram sua campanha eleitoral.
Por isso, o governo “combate a inflação” com aumento dos juros, os mais altos do mundo. Dilma já subiu os juros quatro vezes. Enquanto isso, o presidente do Banco Central atacou os reajustes salariais porque “alimentam a inflação”.
Ou seja, o governo “combate” a inflação achatando os salários e aumentando os lucros dos bancos, com a alta dos juros. Seremos nós, trabalhadores, a mais uma vez pagar a conta?
Muitas vezes, quando entram em uma greve, uma parte dos trabalhadores olha para a frente e identifica apenas os patrões como os seus inimigos. Mas, junto dos patrões estão os governos estaduais, municipais e também o governo Dilma. É por isso que os patrões conseguem tudo o que querem, como incentivos fiscais, empréstimos. Até mesmo apoio da Justiça e da repressão para enfrentar as greves, o único recurso dos trabalhadores para ter reajuste e recuperar sua dignidade.
Defendemos aumentos salariais já e exigimos de Dilma o reajuste automático dos salários, um gatilho, toda vez que a inflação alcançar 3%. É preciso ainda reduzir e congelar os preços dos alimentos, tarifas e aluguéis.
Por que os trabalhadores não podem ter saúde e educação pública, gratuita e de qualidade? Por que continua o caos nos serviços públicos?
Não se pode dizer que não há dinheiro. O problema é o que é feito dele. O orçamento do governo Dilma prevê gastos de R$ 1,940 trilhão neste ano. Desse dinheiro, um total de R$ 954 bilhões, mais de 49%, são destinados ao pagamento de juros e parcelas das dívidas interna e externa com os bancos. Ou seja, o governo vai entregar praticamente metade de tudo o que arrecada em impostos e taxas aos banqueiros.
A saúde e a educação estão um caos porque é aí que o governo economiza, para poder pagar aos banqueiros. Dilma gasta só 3,5% do PIB com a saúde, quando deveria usar ao menos 6%, segundo a Organização Mundial de Saúde. Gasta de 4 a 5% com educação, quando o necessário seria ao menos 10% do PIB. Exigimos que Dilma pare de pagar a dívida e dobre os gastos com saúde e educação.
É possível mudar realmente o país, para que as pessoas possam ter salários e empregos decentes. Mas para isso é necessário começar por uma mudança radical da política econômica. Exigimos que Dilma aplique um plano econômico a serviço dos trabalhadores.
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