Editorial do Opinião Socialista nº 427
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• Você é um trabalhador, apóia o governo Dilma e está endividado. Ou seja, é parte da maioria dos trabalhadores do país. Por um lado, tem uma dívida que já está corroendo uma parte importante de seu salário. Já deve haver dúvidas em relação ao que fazer com o orçamento da família. Por outro, apoiou Dilma nas eleições porque ela era a candidata de Lula, e continua apoiando seu governo.
Você acha que Dilma é uma aliada. Mas será mesmo? Queremos que nos ouça e tire suas próprias conclusões.
Comecemos por algo em que estamos de acordo. Você sabe que os banqueiros não são aliados dos trabalhadores. Sabe por experiência própria como é sofrível pagar os financiamentos com altíssimas taxas de juros, e como pode perder tudo o que comprou se parar de pagar as prestações. Não é por acaso que os banqueiros são os mais odiados entre todos os patrões.
Mas se os banqueiros não são aliados dos trabalhadores, é importante deixar clara a relação do governo Dilma com eles. Se Dilma é uma aliada dos banqueiros, não deve ser aliada dos trabalhadores. Vejamos os fatos.
O problema do endividamento é muito mais grave do que se divulga. Trabalhadores como você estão acumulando dívidas enormes com empréstimos e financiamentos. Ainda acham que o atual crescimento vai durar para sempre. Na verdade, o que pode durar mais do que se imagina são essas dívidas.
O capitalismo conseguiu uma fórmula sinistra para ampliar seu mercado fazendo que os trabalhadores se endividem cada vez mais. É assustador saber que as famílias dos trabalhadores de Fortaleza dedicam 35% de seus rendimentos para pagar dívidas. Voltemos a pergunta: de quem Dilma é aliada, dos banqueiros ou dos trabalhadores endividados?
Em primeiro lugar, vejamos a taxa dos juros. Os juros cobrados no Brasil são os mais altos de todo o mundo. Mesmo sabendo disso, Dilma aumentou por quatro vezes seguidas a taxa de juros em seu governo, passando de 10,75 para 12, 25%. Ou seja, se um trabalhador tem um empréstimo nesse momento, ele precisa saber que está pagando mais em suas prestações, porque Dilma resolveu que os bancos devem receber mais.
Talvez você trabalhador tenha um empréstimo consignado, e ache que isso é uma demonstração de como Lula e Dilma se preocupam em garantir crédito às pessoas pobre com taxas de juros menores. Mas isso é um equívoco. Como se trata de empréstimo sem risco nenhum, porque o desconto é direto na folha de pagamentos, o maior ganho mesmo é dos bancos. E a taxa de juros cobrada (entre 30 a 40% ao ano) é muito mais alta do que os 6% cobrados pelo BNDES às grandes empresas.
Vejamos quem teve maiores ganhos nos governos do PT, os trabalhadores ou os bancos. Os salários médios dos trabalhadores durante os governos Lula ficaram estagnados, aumentando só R$ 52 reais durantes oito anos. Talvez você seja parte de uma categoria que teve reajustes maiores. Quando aumentou? Uns de 20%? Sabe quanto aumentaram os lucros dos bancos durante os dois governos Lula? 488%, ou seja, cresceram quase cinco vezes.
Você trabalhador contribuiu financeiramente com a campanha de Dilma? Não? Em seus primeiros anos o PT financiava suas campanhas eleitorais quase do mesmo jeito como o PSTU faz com as suas. Ou seja, recorrendo às contribuições dos trabalhadores. No passado, vendiam as estrelinhas do PT, camisetas e bandeiras. Mas isso foi no passado. Nas campanhas de Lula e Dilma, o PT recorreu ao mesmo esquema de todos os partidos da direita: o dinheiro das grandes empresas. Os bancos e as empreiteiras foram os maiores financiadores da campanha de Dilma. O PT não precisa mais das contribuições dos trabalhadores porque ganha muito mais com a grana dos empresários, em particular dos banqueiros. E, como se sabe, “quem paga escolhe a música”.
Dilma é uma grande aliada dos bancos, que financiaram sua campanha e têm lucros cada vez maiores. O PSDB e o DEM eram os partidos da direita identificados com o capital financeiro. Ao chegar ao governo, Lula se ligou diretamente aos banqueiros, passando a ocupar o espaço da oposição de direita. O PT terminou sendo o principal aliado dos bancos no país. Não é por acaso que os lucros dos banqueiros foram de R$ 34 bilhões de reais, nos dois governos de FHC, para R$ 170 bilhões nos governos Lula. Não é por acaso que Dilma recebeu mais dinheiro dos bancos em sua campanha do que Serra.
Você, trabalhador endividado, não tem em Dilma uma aliada. Ela está junto com os bancos contra você.
Mesmo que você não concorde com isso, deve estar de acordo em reivindicar junto conosco que o governo Dilma reduza os juros cobrados dos trabalhadores baixando dos 150% anuais para o mesmo nível dos empréstimos do BNDES às grandes empresas, ou seja, de 6% ao ano. E que, para isso os bancos devam ser estatizados e colocados à serviço dos trabalhadores.
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