Participando de uma atividade da escola Padre Nunes, na sexta-feira, percebi que o distanciamento, de parte, da elite do processo eleitoral é estratégico. A atividade foi para ouvir um autor sobre a reedição de seu livro.
Inicialmente o mesmo lembrou que um artigo seu, publicado em uma revista famosa, provocou a ira do último presidente militar, precipitando inclusive uma possível renuncia, o que não ocorreu, claro que as razões que mantiveram até o fim o presidente general, Figueiredo, foram outras.
O autor se referiu a sua experiência de vida e suas viagens, até ai tudo bem, mas quando avaliou o cenário político atual demonstrou um estratégico distanciamento, a frase sobre o segundo turno foi: “... temos duas candidaturas progressistas, uma ex-guerrilheira e um ex-exilado político...”, para ele quem ganhar fará um governo progressista.
Retirando a hipótese de que não estava sutilmente apoiando Serra, pois a atividade foi patrocinada pela Caixa Federal, controlada pelo governo Dilma, o autor não esta fazendo a leitura correta da realidade. Uma razão é de que sua sobrevivência sempre esteve garantida, independente do governo de plantão, ou seja, o autor pertence à classe que é economicamente favorecida e que se mantém distante dos principais problemas sociais, assim sua avaliação sobre as alternativas eleitorais são superficiais e não se aproximam da vida real.
Outra razão, menos provável, é que os poetas fazem a leitura da vida mais romântica, suave e desprovida de critica, é mais contemplativa sua avaliação, como alguém que está assistindo um filme e depois vai opinar a respeito. Ora negar as contradições sociais é fingir desconhecer a realidade e manter conscientemente o abismo social. Mas isso é mais uma estratégia burguesa, ou seja, ter seus eruditos sempre prontos a confundir a exploração que mantém sua fartura.
É obvio que o Serra é o principal representante da elite, mas a Dilma não fica atrás, as duas candidaturas representam a continuidade de um sistema excludente, ganancioso e opressor, o capitalismo. Dilma ou Serra serão “progressivos”? Pode ser, mas não para a população pobre, e sim para os ricos, pois garantirão a manutenção dos privilégios da classe social do autor, a burguesia.
Aí, Manoel!!! Estás pegando o jeito!!! Boa crítica sobre a arte e a burguesia. Os protestos que nossos artistas faziam até bem pouco, é desaparecida neste milênio... Uma pena!!! Há momentos históricos tão bem mostrados, criticamente, pelos poetas, romancistas, compositores...
ResponderExcluirA burguesia tem seus escritores e poetas a serviço da manutenção da ordem, uns disfarçam bem outros assumem seu papel. O q nos resta é fazer a devida localização. Viva a arte revolucionaria!
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