sábado, 8 de outubro de 2011

Cortina de fumaça

O governo Tarso jogou nas escolas estaduais sua proposta de alteração para o ensino médio, as alterações estão contidas em um documento com mais de 40 páginas e os educadores devem arrumar algum tempo, entre sua exaustiva jornada de trabalho, para conhecer e tentar assimilar as alterações. Uma vez que serão várias mudanças para iniciar em 2012, são alterações significativas sem a devida discussão que se exige.

Os educadores são surpreendidos mais uma vez com mais um projeto do governo Tarso, o que não surpreende é a falta de tempo hábil para assimilação e preparação, não pode ser sério um projeto educacional sem discussão, tempo e investimentos.

Resumidamente podemos dizer que as mudanças atingirão a dinâmica das aulas e dividirão os estudantes. Pois o que se pretende é que nas escolas, em vez das disciplinas atuais os conteúdos devem ser integrados, divididos conforme as áreas do conhecimento usadas na avaliação do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem: Ciências da Natureza, Ciências Humanas, Linguagens e Matemática. Assim os professores vão ter que assumir disciplinas que não tem formação, exemplificando: ficará sob a responsabilidade do professor de História a aula de Geografia, Filosofia e Sociologia, uma pergunta: como um professor que trabalha no mínimo 40 horas semanal, vai arrumar tempo para preparar aulas de uma disciplina que não teve a devida formação?

Já os estudantes serão divididos em três blocos: os que buscam uma formação mais geral, os que desejam sair do Ensino Médio com uma profissão e os que desejam acrescentar a essa etapa da vida escolar uma formação técnica sólida, no papel é muito atraente a proposta.

Sem aprofundar muito a análise sobre a proposta do governo Tarso, o que está em jogo aqui é o desvio do verdadeiro debate que o governador não quer encarar: o pagamento do Piso Salarial para os educadores. O Tarso não só foge do debate sobre o piso como ainda não investe o mínimo constitucional previsto para a educação. Assim estas mudanças anunciadas servem como cortina de fumaça para esconder o principal debate que é a valorização dos educadores e os investimentos na escola pública.

O que queremos, antes destas surpresas de fim de ano, é a aplicação imediata do Piso Salarial para professores e funcionários, o investimento de 35% da receita estadual para a educação, e a exigência para que a Dilma destine imediatamente 10% do PIB para a educação pública. O debate sobre projetos do governo precisa de tempo, façamos envolvendo todos os segmentos da escola e a comunidade escolar, e não aos atropelos como estão sendo encaminhados. Encaremos os problemas sem subterfúgios senhor governador, pague o piso ou então a educação para! 

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