Projeto Jovem de Futuro = desobrigação do Estado com a escola pública.
Isso porque, como este projeto faz parte da lógica neoliberal, o estímulo ao individualismo e a competição são inerentes, portanto a construção coletiva da busca de resultados será substituída pela lógica do confronto e exclusão. É preciso também entender que estes projetos de parcerias com iniciativas privadas fazem parte de planos bem mais amplos, que buscam diminuir o papel de indutor de políticas públicas por parte do Estado, sobrando recursos para investir em setores empresariais.
O chamado Projeto Jovem de Futuro, que foi criado pelo Unibanco, consiste em colocar dinheiro nas escolas, de acordo com metas a serem atingidas, durante os três anos do ensino médio.
O projeto esta fechando o primeiro ciclo em 23 escolas, começou em 2008 em 25 escolas, mas duas foram desligadas por não atingir as metas. O Unibanco foi comprado pelo Itaú, mas o projeto se mantém com a mesma filosofia por que foi concebido, desobrigar o Estado do investimento nas escolas públicas, pois as escolas que desenvolvem o projeto, passam a se organizar como entidades privadas e não veem mais o Estado como mantenedor do funcionamento da escola.
Só lembrando que os recursos que vão para uma determinada escola é o mesmo que deveria ser pago em imposto de renda, assim ao invés de fortalecer os cofres públicos com o imposto devido, o Itaú, novo dono do Unibanco, aplica em uma escola só, diminuindo os recursos para as mais de três mil escolas públicas, portanto o dinheiro que vai para uma escola não é investimento e sim a destinação do imposto, que seria dividido, mas fica concentrado em uma só escola.
A lógica mercantil e empresarial é o norte do projeto, os estudantes são avaliados por uma única prova a cada seis meses, que servirá como referência para a continuidade do projeto ou não. Os educadores e os estudantes, que tiverem boas pontuações, serão premiados, mas os que não conseguirem se afirmar durante o projeto serão excluídos. É a mesma lógica, que permeou o projeto do governo quem vai embora, à meritocracia que foi derrotada.
O projeto agora vai instalar-se em outras 25 escolas, que durante três anos foram escolas de controle, uma espécie de contraste, e agora passam a ser de intervenção, ou seja, aplicarão o regime de metas e premiação. Entre as 25 novas escolas está à escola Adelaide Lima, o querido Polivalente, que vai ter que mudar sua filosofia para se adequar ao projeto. Depois de duas reuniões a grande maioria dos professores expressou rejeição ao projeto, por vários motivos, alguns já expressos no texto, mas uma situação em particular foi bastante lembrada nas reuniões: o projeto nem bem chegou e já provocou fissuras no bom ambiente de trabalho. Ambiente que foi construído ao longo de vários anos pelos educadores e estudantes.
Trabalhar no Polivalente sempre foi uma satisfação muito grande, a direção atual é muito acolhedora, profissional e democrática, pelo menos foi até este momento.
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