Em poucas horas, em regime de urgência, os deputados acabaram aprovando um aumento bem generoso, óbvio, pra eles mesmos. Os salários passarão de míseros 16,5 mil para 26,7 mil reais, um aumento de 10 mil reais, tudo isso assegurado em um decreto legislativo, o que significa que não precisa ser sancionado, pois só precisava, como foi, ser aprovado no congresso e senado.
Mas não foram só os deputados que tiveram reajustes, os ministros e a presidente também, e bem mais generosos, pois enquanto os deputados terão 61,8% acrescidos em seus salários, a presidente, seu vice e os ministros ficarão com 130% de aumento. A jogada foi igualar todos os salários aos dos ministros do STF, assim todos em Brasília, menos quem levanta cedo e trabalha, receberão 26,7 mil reais.
Enquanto isso a sinalização é de que o salário mínimo ficará mesmo em R$ 540,00. Isto só demonstra o distanciamento destes senhores da realidade da população, que vive de salário mínimo ou que ganha pouco, salários que terminam na primeira quinzena de cada mês, o final de cada mês é garantido com empréstimos e tantas outras formas de endividamentos.
Segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), somente em outubro deste ano, a cesta básica teve expressivo aumento em 16 das 17 capitais brasileiras pesquisadas. Em São Paulo, o aumento foi de 5,27%, elevando a cesta básica no Estado para R$ 253,79, o maior custo de produtos alimentícios do país. O maior aumento foi em Curitiba (PR), de 5,78%.
Por isso, a proposta que precisamos defender é dobrar de forma imediata o salário mínimo, em janeiro de 2011 para R$ 1.020, como um passo importante para se garantir realmente um salário mínimo digno. Afinal, o mesmo Dieese, calcula que o salário mínimo deveria ser de R$ 2.132, já em outubro de 2010, para se garantir minimamente os gastos dos trabalhadores com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência. Este valor equivale a 4,18 vezes o valor do mínimo atual.
Nossa tarefa é lutar não só por um salário mínimo digno, já no ano que vem como também impedir ataques previsíveis do novo governo aos trabalhadores, que já estão sendo anunciados pela grande imprensa, como por exemplo, a proposta de uma nova reforma da Previdência que aumentaria ainda mais a idade mínima para a aposentadoria.