O sindicato como primeira trincheira
No cenário político que saiu das urnas, não se pode afirmar categoricamente quem é oposição e quem é governo, visto que, na teoria, os partidos avançaram sobre suas fronteiras ideológicas, fruto da crescente defesa de interesses comuns entre as siglas, que representam um setor da sociedade.
Os governos acomodam distintos grupos políticos buscando apoio e diminuindo as resistências na aprovação de projetos. O governo Tarso é exemplar, fez um caleidoscópio político que, em tese, lhe assegurará aprovação de seus projetos na assembléia.
E para diminuir ainda mais as possíveis tensões, está sendo criado um conselho, já chamado de “conselhão”, que em essência servirá para legitimar os projetos que encontrarão dificuldades para concretização, pois ao reunir “diversos setores” busca respaldo social para pressionar o legislativo.
O CPERS já votou que não participará deste engodo, quer dizer conselho, por um motivo muito simples: manter sua independência frente ao governo. O sindicato é o porta-voz de uma categoria e é organizado a partir das reivindicações desta. Organiza a luta por melhores condições de trabalho e salários e na defesa de direitos conquistados. E para que esta luta seja cada vez mais eficaz é preciso ter a definição correta da entidade e sua posição na trincheira, pois as conquistas só virão com muita pressão. Participar de um conselho com o governo diminui sua capacidade de mobilização e engessa suas críticas. Pois legitimaria decisões que depois não poderia combater, porque ajudou a construir.
Não se pode confundir diálogo e negociação com o governo com a participação em um fórum que deliberará posições de consenso. A discussão se estabelece na mediação para solucionar impasses, longe disso o governo é patrão, e o sindicato é a primeira trincheira na defesa dos trabalhadores nesta relação desigual do mundo do trabalho, portanto participar do conselhão seria legitimar e fortalecer ainda mais os interesses do governo.
O que o governo Tarso pretende é tentar alinhar os diversos atores sociais com sua plataforma de governo, quer governar sem muitos questionamentos, quer um mandato com partidos alinhados e setores dos movimentos sociais domesticados.
Neste sentido o fortalecimento do sindicato como trincheira é imprescindível para avançar na valorização profissional e na defesa de uma escola pública de qualidade.
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